Escola de Formação e Criação do Ceará

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Porto Iracema das Artes reúne artistas selecionados para Laboratórios de Criação no LabX

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De junho a dezembro, 22 projetos em cinco linguagens artísticas serão desenvolvidos em Cinema, Dança, Artes Visuais, Teatro e Música, fazendo um panorama da produção cearense. Nas próximas terça e quarta-feira, 5 e 6 de junho, acontece primeiro encontro geral dos artista,o LabX

 

Os Laboratórios de Criação do Porto Iracema das Artes já têm os 22 projetos selecionados para a edição 2018. Ao longo dos próximos sete meses, quatro propostas artísticas em Artes Visuais, Dança, Música e Teatro, além de seis em Cinema – sendo duas do Nordeste – serão desenvolvidas em regime de imersão criativa. Nas próximas terça e quarta-feira, dias 5 e 6 de junho, às 19h, acontece o primeiro encontro geral dos artistas, o LabX. O momento propicia a troca de informações entre os grupos a fim de que sejam construídas conexões estéticas entre os projetos.

A sexta edição dos Laboratórios de Criação bateu recorde de inscritos. Foram 425 projetos submetidos ao processo seletivo, que iniciou em fevereiro e encerrou no último dia 25 de maio. Nesse período, os projetos passaram por três fases: a primeira de análise documental; a segunda de avaliação técnica das propostas artísticas feita por comissões de profissionais reconhecidos em cada linguagem; e a terceira, entrevistas com os proponentes e audições públicas, caso da Música.

“Os Laboratórios de Criação do Porto Iracema das Artes são uma das mais importantes experiências de formação em artes do Brasil. É um projeto que materializa o desejo de todo artista de reservar um tempo para criação, para pesquisa, para o encontro com outras poéticas”, afirma Bete Jaguaribe, diretora de formação e criação da Escola. “Hoje, os Laboratórios já são referência nacional para o ensino das artes. É o resultado do envolvimento e do talento de nossos artistas, que durante meses se dedicam para o desenvolvimento de seus projetos”, avalia.

Para desenvolver suas propostas de criação, os artistas receberão do Porto Iracema das Artes uma bolsa mensal, auxílio técnico das coordenações dos laboratórios, poderão contar com toda a estrutura da Escola e terão pelo menos cinco oficinas de formação até o final do ano.

Tutores

Os artistas ainda escolherão um artista ou pesquisador, com experiência e reconhecida trajetória profissional, para atuar como tutor do respectivo projeto. Eles terão pelo menos quatro encontros presenciais, de no mínimo três dias, com cada tutor. E, para dar aos demais artistas da Cidade o acesso ao conhecimento trazido por esses grandes nomes, a Escola promove oficinas e masterclasses gratuitas e abertas ao público em geral.

Entre os tutores que já passaram pelo Porto por meio dos Laboratórios de Criação, de 2013 até o ano passado, destacam-se Maria Helena Bernardes, Cláudio Bueno e Tânia Riverade Artes Visuais; Denise Stutz, Alejandro Ahmed e Jorge Alencar de Dança; Gilberto Gawronski, Marcelo Evelin e Tânia Faria de Teatro; e Arto Lindsay, Liminha e Mário Adnet de Música. Na área de Cinema, os tutores são fixos e, até a edição passada, contava com Karim Aïnouz, Sérgio Machado e Marcelo Gomes. Este ano, entra Nina Kopko no lugar de Marcelo, que se dedica a filmagens de seu novo longa-metragem.

Segundo a coordenadora dos Laboratórios de Criação, Natasha Faria, a repercussão da passagem dos artistas da cena cearense pelos Laboratórios do Porto já é evidente, ao longo dessas seis edições, com a estréia de espetáculos cênicos, de música, projetos de roteiro premiados em editais de desenvolvimento, além de projetos de exposição sendo escolhidos para mostras locais e nacionais.“São resultados diretos que potencializam a arte feita aqui. Naturalmente, a interlocução que se torna possível com artistas renomados do Brasil – num viés colaborativo – dão maior visibilidade às poéticas universais que são criadas no nosso estado”, ela enfatiza.

Conheça abaixo os projetos selecionados para a edição 2018 dos Laboratórios de Criação do Porto.

 

LABORATÓRIO DE ARTES VISUAIS

Projeto: Zona de Pressão
Artistas/pesquisadores: Tiago Alves e Roberto Cavalcante Borges

Numa abordagem que se aproxima da arquitetura sonora, o projeto propõe elaborar uma instalação em que o vento-fantasma possa invadir o ambiente proposto com sua presença instável, que entre brechas, rachaduras e demais intervenções se amplifica acusticamente e/ou eletroacusticamente no espaço e em nossa percepção.

Projeto: Arqueologia de uma paisagem
Artista/pesquisadora: Mariana Smith

A pesquisa propõe observar a paisagem do litoral cearense a partir das muitas camadas de tempo e discursos que emergem dos campos de dunas da região. O mapeamento dessas camadas deve ser matéria para a realização de trabalhos que aproximam ficção, ciência e dados cotidianos na constituição de uma paisagem híbrida.

Projeto: Vegetocracia e a exuberência dos dias comuns
Artistas/pesquisadores: Jared Domício e Vania Freitas

Ao elaborar uma analogia entre jardim e cidade, o projeto realiza a inserção de uma flora baldia (marginal) em jardins urbanos e cria possibilidades de coabitação entre espécies, no intuito de gerar ideias sobre as formas de organização entre indivíduos. O processo é baseado nas ações do jardineiro George Sinclair (início do séc. XIX) em seu jardim experimental e deve gerar desenhos, fotografias e instalações.

Projeto: Manual de Identificação e Proteção de Objetos Voadores Não Identificados
Artista/pesquisadora: Helenita Matos

O projeto evidencia narrativas de aparições de disco-voadores e situações de abduções relatadas pela população das cidades de Quixadá e Quixeramobim. Por meio de fotografias e outros recursos gráficos, a artista propõe elaborar um manual que reconstrói os acontecimentos a partir da oralidade, do imaginário e do saber popular da região.

 

LABORATÓRIO DE CINEMA

CAMPO AMOR ROCHA (Ceará)

Roteiristas: Yuri Peixoto Terto Viana e Thaís Nunes Forte

Ivone desaparece e Tocha, seu cachorro, começa a definhar. Seus filhos, Adeline e Iago, a procuram enquanto enfrentam um prazo de despejo. Durante a busca, contam com a companhia de Raísa, namorada de Adeline, e de Ventura, um catador de lixo que se torna um amigo. Quando são expulsos de casa, Tocha morre. Enterrá-lo num matagal os deixa sem esperanças sobre a volta de Ivone. Iago, desesperado, corre matagal adentro. Adeline o segue. Machucados, são surpreendidos por um misterioso cortejo fúnebre. Acompanhados por Ventura, adentram aquela multidão.

CORPO VAMPIRO (Ceará)

Roteiristas: Mozart Francisco de Oliveira Freire e Abdiel Anselmo de Sousa

Padre João Maria captura um vampiro, o alimenta e o visita para realizar estranhos experimentos científicos. Com o passar do tempo, os encontros entre eles se convertem em uma jornada alucinada e erótica que mistura sadomasoquismo e o sobrenatural, atrapalhando os resultados dos obscuros experimentos. Davi, o sacristão, descobre o cativeiro da criatura e a liberta. No entanto, o Padre consegue capturá-la novamente para finalizar sua obsessão em um rito de vida e morte entre corpos sedentos.

DIABOS DE FERNANDO (Pernambuco)

Roteirista: Caio Vinícius Dornelas

Um paraíso transformado em prisão – o arquipélago de Fernando de Noronha. Mais de 200 militantes ligados a movimentos revolucionários de esquerda e contra o regime ditatorial do Estado Novo no Brasil são encarcerados na ilha. Em troca de não escaparem, eles conseguem permissão para produzir seus próprios alimentos, promover atividades culturais e esportivas, além de criar um sistema de ensino e de saúde para os ilhados. Mas uma tentativa secreta de fuga pode colocar a perder todas as conquistas coletivas.

MARINA (Alagoas)

Roteirista: Laís Santos Araújo

Maceió, 2010. Enquanto Marina organiza sua festa de 15 anos, 40 pessoas são silenciosamente assassinadas em Maceió. Acompanhada do primo Pedro, Marina passa a explorar a cidade e a si mesma, e a perceber que as violências da sua própria vida estão ligadas à violência do lugar onde vive. A sua jornada de amadurecimento tem um marco na sua festa de debutante, quando seu primo é assassinado na porta. É nesse momento que Marina tenta quebrar a parede de vidro que separa sua festa dos sonhos da rua que matou o primo.

NOITE AO RELENTO (Ceará)

Roteiristas: Natália Mendes Maia e Camila Chaves Ferreira

Lavínia, 30 anos, é uma advogada que, após passar em um concurso público, torna-se Juíza Substituta da cidade de Nova Itaité, no interior do Ceará. Quando chega ao local, precisa lidar com o caso da prisão de um radialista influente na região, que culmina em seu assassinato. Ela se vê então dividida entre buscar respostas e se manter imparcial, encarando questões políticas e culturais do novo endereço, num processo de amadurecimento pessoal que aponta para os limites da Justiça naquela pequena cidade.

SAIU DE MOTO, COM UM CARA (Ceará)

Roteiristas: Natália Flávia Maia Lima e Lays Antunes Girão

Larissa (15) investiga o desaparecimento de Nilza, empregada doméstica da sua casa, quando esta sai para um forró na sexta e não retorna na segunda. Ao colher pistas para desvendar o paradeiro da amiga, ela monta, aos poucos, o quebra-cabeças do sumiço: descobre que Nilza participou de um homicídio em legítima defesa e agora está sendo perseguida pelos comparsas do homem assassinado. Perseguida por bandidos e procurada pela polícia, Nilza recorre a Larissa para transformá-la em outra pessoa.

LABORATÓRIO DE DANÇA

Cavalgada Selvagem

Artistas/pesquisadores: Thales Luz e Diogo Braga

Uma proposta de investigação coreográfica em que se percebe um corpo em estado de desidentificação e desprendimento de elementos que o enquadram em um molde social normativo, passível de controle. A pesquisa observa a mitologia da bruxa antiga em seus voos noturnos e orgias sabáticas, presente no imaginário, para dar forma a corpos e desejos marginalizados, em constante processo de questionamento às políticas sociais heteronormativas e racionais.

CorpoCatimbó

Artistas/pesquisadores: Viana Júnior, Gerson Moreno e Pai Mesquita de Ogum.

Poderão os elementos corporais do PluriUniverso da Jurema Sagrada criar narrativas cênicas, construções estéticas, energéticas, de movimento e da presença no campo da dança? Que diretrizes criativas esse encontro pode possibilitar? Partindo dessas questões, a proposta busca investigar as corporeidades da Jurema, tendo como foco suas sete linhas de trabalho e suas entidades míticas, no intuito de observar e compreender como as fisicalidades desse território podem fundamentar a criação em dança.

Intergaláctico

Artistas/pesquisadores: Maria Epinefrina, H-umano, Tiego Campos e Robson Loureiro.

Pesquisa artística e acadêmica em dança e multimídia que tem em sua motivação a percepção do corpo longe da estrutura organizada, anatômica e socialmente, discorrendo sobre o corpo potente que expande, ecoa e deixa rastros na contemporaneidade. Aqui, acolá, nas redes sociais, na TV, em tempos outros, o questionamento é: qual espaço a minha corporeidade ocupa? Se a corporeidade está sempre reverberando, transitamos por entre tempos e espaços.

Iracema

Artistas/pesquisadores: Rosa Primo, Carolina Wiehoff e Raisa Christina

Investigação artística que tem na imagem de Iracema, principal personagem feminina do romancista cearense José de Alencar, a possibilidade de pensar e discutir questões que atravessam a figura da mulher, bem como o sentido de sua presença como parte dos povos originários do Brasil – compondo, portanto, o processo histórico das comunidades indígenas. Para além disso, Iracema carrega em si uma certa simbologia do que seja uma possível “cearensidade” – tessituras de um estado em construção.

LABORATÓRIO DE MÚSICA

Arquelano: ainda sou ponto

Artistas/pesquisadores: Benjamin Arquelano, Théo Fonseca Torres e Emília Schramm.

Arquelano é um projeto de música eletrônica experimental criado em 2014 por Benjamin Arquelano (vocal, sintetizadores e programação) e com recentes contribuições de Théo Fonseca (guitarras) e Emília Schramm (voz). Explora sonoridades minimalistas a partir da poesia oriunda da vivência de Arquelano, jovem negro, costurados em conceitos de um elemento da imagem: o ponto.

Cenas de ópera

Artistas/pesquisadores: Antônio Souza, Liana Fonteles e Giorgi Gelashvili.

O projeto propõe montar fragmentos de peças operísticas de compositores e períodos históricos variados para apresentações em teatros e espaços não convencionais. Os artistas têm experiência com música de concerto e pretendem desenvolver habilidades relacionadas à produção operística, que engloba música, teatro e dança, criando oportunidades de execução e apreciação deste tipo de arte.

Horizonte Aparente

Artistas/pesquisadores: Ayrton Bob Pessoa, Jônatas Gaudêncio e Raí Santorini.

Idealizado pelo compositor Ayrton Pessoa, a proposta é de uma investigação musical em que “dois artistas viajam por lugares, metrópoles desabitadas, desertos e oceanos, com sons, geografias imaginárias e formas de habitar”. Essa criação musical é uma parceria com o clarinetista Jônatas Gaudêncio e Raí Santorini no desenho de luz.

Caboco eletrônico

Artistas/pesquisadores: Francisco Ferreira de Freitas Filho – Di Freitas, Mestre Expedito e DJ Daniel Lamar.

Idealizado em Juazeiro do Norte, o projeto aproxima tradição, música erudita e eletrônica. Os protagonistas Mestre Expedito (voz, pífano e caixa), DJ Daniel Lamar (teclados controladores) e Di Freitas (rabecas) que, além de músico, é luthier e pesquisador, se utilizam do repertório da cultura popular em mixagens improvisadas ao vivo. Mestre Expedito, à frente da formação, é um performer de reisado dos mais atuantes na região.

LABORATÓRIO DE TEATRO

BOCA AMORDAÇADA

Processo de criação teatral articulando dramaturgia feminina e ativismo em cena

Artistas/pesquisadoras: Vanéssia Gomes, Herê Aquino, Vera Araujo, Juliana Santana e Isabele Teixeira.

A pesquisa de criação teatral busca articular elementos que integrem atuação, dramaturgia e espaço urbano para composições cênicas. Buscamos vivenciar um processo artístico que dispare pensamentos, performances e cenas teatrais destacando a arte pública, o ativismo, as comunidades temporárias, o feminismo, a política, o teatro de invasão e a teatralidade. Nosso norte são questões relacionadas ao teatro latino-americano.

Dramaturgias da Água e da Seca

Artistas/pesquisadores: Nelson Albuquerque, Denise Costa, Silvianne Lima, Jota Júnior Santos, Eliel Carvalho, Alessandra Eugênio e Beethoven Cavalcante.

Inspirados na crise hídrica cearense e tendo como mote a obra O Quinze, de Rachel de Queiróz, o Pavilhão da Magnólia aproxima o debate científico da criação artística numa abordagem contemporânea. O projeto envereda por uma pesquisa de ator-manipulador e objeto-boneco, até então, não experimentada pelo grupo.

Expresso Sonho Azul – uma Manada em trânsito

Artistas/pesquisadores: Jânio Tavares, Juliana Veras, Monique Cardoso e Murilo Ramos

Pesquisa histórico-documental-afetiva acerca das chegadas e partidas do Sonho Azul, trem que cruzava o Ceará (década de 1970), do sertão do Cariri a Fortaleza, e foi responsável pelo surgimento de várias cidades do Estado. A partir dessas memórias, o Manada Teatro inicia a construção de uma dramaturgia e de uma encenação para sua nova montagem. Reunindo artistas/pesquisadores do Cariri e de Fortaleza, a pesquisa se propõe a transitar por esses dois lugares e por outras cidades nas quais o Sonho Azul passava.

Inventário para poéticas futuras

Artistas/pesquisadores: Rafael Martins, Ricardo Tabosa, Tatiana Amorim e Yuri Yamamoto.

Pesquisa, escrita e montagem do próximo espetáculo do Grupo Bagaceira, em parceria com o dramaturgo e diretor Alexandre Dal Farra, o projeto é motivado pela possibilidade do grupo acabar, após 18 anos de atuação. Para ressignificar a ideia da morte no palco, estabelece um paralelo com o caos político do país, renovando a energia criativa e a existência do grupo.

SERVIÇO

O que: “Porto Iracema das Artes reúne artistas selecionados para Laboratórios de Criação no LabX”

Quando: Terça e quarta-feira, dias 5 e 6 de junho, às 19h

Onde: Auditório do Porto (Rua Dragão do Mar, 160, Praia de Iracema)