Escola de Formação e Criação do Ceará

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Masterclass “Putos da rua, criações artísticas underground e reconfigurações identitárias juvenis”

 

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Os Cursos Básicos em Artes Visuais promove no dia 21 de outubro a Masterclass “Putos da rua, criações artísticas underground e reconfigurações identitárias juvenis”, com a pesquisadora da Universidade do Porto, de Portugal, Paula Guerra. Será às 19h, no Auditório do Porto Iracema.

Masterclass

O punk é uma forma musical. Mas é também uma forma estética, cultural, política e simbólica. O punk é uma hiperpalavra. Holístico, híbrido, situacionista, dadaísta, o punk encerra um simbolismo muito particular na cultura ocidental contemporânea. Contribuíram para potenciar essa relevância, duas características fundamentais. Primeiro, o punk representou uma inovação, isto é, a vivacidade de uma forma instituinte, numa altura em que o rock dos anos 60 e 70 se encontrava num processo de institucionalização, incorporado pela grande indústria discográfica e aceite, quando não já consagrado, por várias instâncias de legitimação cultural.

O punk é um movimento cultural. Inscreve-se na dinâmica de que são portadoras, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, sucessivas gerações de jovens, que vivem e interpretam os grandes processos históricos da escolarização de massas, do desenvolvimento da produção e do consumo massificados, da emergência dos meios de comunicação de massas e das indústrias culturais, do crescendo das funções de marketing, publicidade e moda na geração do valor económico, do Estado de Bem-estar, da polarização ideológica e político-militar em blocos antagónicos e dos desafios à ordem ocidental colocados pela descolonização, o anti- imperialismo e a Guerra Fria.

O punk é uma cena. É uma matriz de ligação entre diferentes protagonistas: bandas, editoras, promotores, críticos, divulgadores, os consumidores, os fãs; e os recursos e meios, como os discos e outros registos fonográficos, os concertos e outros eventos, os bares, caves, salas e outros espaços de exibição e encontro, os jornais, fanzines, as lojas de roupas, acessórios e discos, as ruas e bairros, as plataformas físicas e digitais… Esta estrutura tem uma espacialidade e uma territorialidade, inscreve-se num meio social (físico ou, mais recentemente, virtual), que ela recria e usa como uma dimensão constitutiva, potenciando economias de aglomeração e escala. Cultura, cena, estética, forma musical: o punk é subversão artística. Através de um percurso pelos fanzines e cartazes do punk feitos pelos ‘putos da rua’, pretendemos, assim, evidenciar a importância das produções artísticas underground e seu impacto nas identidades juvenis contemporâneas.

Paula Guerra, Universidade do Porto, Portugal

Paula Guerra, doutorada em sociologia pela Universidade do Porto, é professora na Faculdade de Letras e investigadora do Instituto de Sociologia da mesma universidade. Coordena e participa em vários projetos de investigação nacionais e internacionais, no âmbito das culturas juvenis e da sociologia da arte e da cultura. Tem sido professora/investigadora visitante em várias universidades nacionais e internacionais: Faculty of Social Sciences Katholieke Universiteit Leuven na Bélgica, Universidade Nacional de Timor Lorosae em Díli, Università di Padova em Itália, Adam Mickiewicz University Poznan na Polónia, Griffith University e School of Arts and Humanities na Austrália, Hué University no Vietname, Sidi Mohamed Ben Abdellah University e Cadi Ayyad University em Marrocos. Publicou recentemente os livros A instável leveza do rock (Porto: Afrontamento, 2013), As Palavras do Punk (Lisboa: Alêtheia, 2015), More Than Loud (Porto: Afrontamento, 2015), On The Road to the American Underground (Universidade do Porto, 2015) e é autora de artigos publicados em revistas como Critical Arts, European Journal of Cultural Studies, Sociologia – Problemas e Práticas ou Revista Crítica de Ciências Sociais.