Escola de Formação e Criação do Ceará

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Filme inspirado em canção de Belchior e desenvolvido no Porto Iracema é selecionado para Mostra Competitiva Nacional do 28º Cine Ceará

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“Capitais”, de Kamilla Medeiros e Arthur Gadelha, está entre os dois filmes cearenses selecionados nesta categoria. O curta foi realizado no Programa de Formação Básica do Porto

A Associação Cultural Cine Ceará divulgou nesta terça-feira (26) os trabalhos selecionados para a Mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem do 28º Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema, que acontece em agosto deste ano. Entre os selecionados está “Capitais”, dirigido por Kamilla Medeiros e Arthur Gadelha, e inteiramente realizado no âmbito das atividades formativas do Curso Básico de Audiovisual do Porto Iracema das Artes em 2017.

Para a diretora da escola, Bete Jaguaribe, “a seleção de ‘Capitais’ para a Mostra Competitiva do Cine Ceará indica a maturidade dos processos de formação do Porto Iracema. Estamos no quinto ano da escola e o Programa de Audiovisual é um dos mais potentes, com processos de experimentações inovadoras”, ressalta. Ela lembra que “o filme é resultado de um processo de realização desenvolvido totalmente na escola, com acompanhamento de grandes profissionais, desde a concepção do roteiro até a pós-produção. A equipe de jovens cineastas está de parabéns”, destaca Bete.

Ao todo, foram selecionados 13 filmes de seis estados, sendo dois do Ceará. O outro filme cearense na mostra é “A canção de Alice”, de Bárbara Cariry.

CAPITAIS, BELCHIOR E A SOLIDÃO

Capitais foi inspirado na canção “Alucinação”, do álbum homônimo de Belchior, clássico lançado em 1976. O filme, que tem a solidão como temática, conta a história de Alice, uma mulher solitária, interpretada por Bárbara Sena, que mora em um condomínio na capital cearense onde os vizinhos não se conhecem. O trabalho foi finalizado em abril deste ano.

Apesar de se passar em Fortaleza, como o título do filme sugere, Capitais traz temas presentes em qualquer grande cidade. É o que afirma Kamilla Medeiros, diretora do curta. “O filme é sobre essa questão de a gente não se dar conta de quem está ao nosso lado. Vivemos em espaços físicos que fazem com que a gente compartilhe nossas vidas, onde a gente mora, e às vezes nem sabe quem mora ao nosso lado”, explica.

A ideia inicial do curta surgiu já na seleção do Curso de Roteiro de Curta-metragens, ministrado pelo diretor e roteirista Marcelo Müller ‒ atividade integrante da programação de férias do Porto em julho de 2017 ‒, que tinha como tema as canções do cantor Belchior, falecido em abril do ano passado. Os dois já participavam do Curso Básico de Audiovisual, Kamilla no Percurso de Edição e Arthur no Percurso de Câmera. Na prova de seleção para o curso de férias, os candidatos tinham que escrever um texto com base em algum trecho da canção Alucinação. Os dois então, coincidentemente, escreveram suas propostas com base no verso “uma mulher sozinha”.

Segundo Kamilla, a partir do momento em que os amigos perceberam que haviam escrito sobre a mesma parte da música resolveram desenvolver o roteiro em dupla. “A gente viu que essas personagens que a gente tinha desenvolvido na prova de seleção podiam ser a mesma pessoa. Então nós decidimos juntar forças e escrever essa história juntos”, relata.

O filme, de certa forma, também retrata um pouco da história dos dois realizadores. Kamilla e Arthur moravam no mesmo bairro, em Messejana, a cerca de duas ruas de distância um do outro, mas só se conheceram a partir da entrada de ambos para a formação no Porto. É o que explica Arthur Gadelha, co-diretor e produtor do filme. “A gente se conheceu no Porto e decidiu se unir porque percebemos que tínhamos umas ideias parecidas. E só depois que a gente se uniu para pensar o filme junto é que descobriu que morávamos perto”, relata. E ele completa: “ela cresceu lá nesse bairro, eu também, e a gente nunca se esbarrou. A gente foi se conhecer no Porto, do outro lado da cidade”.

 

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Arthur Gadelha e Kamilla Medeiros (diretores do filme “Capitais”) Foto Joyce S. Vidal

PRIMEIRO SET

Este é o primeiro filme de boa parte da equipe de Capitais. Inclusive de Kamilla, que trabalhou como diretora, atriz e montadora na obra. Para ela, foi uma verdadeira surpresa ter tido seu primeiro trabalho no cinema selecionado para o festival e numa das categorias mais importantes. “A gente sempre teve a expectativa, mas eu sinceramente não esperava. Ainda mais na Mostra Competitiva Nacional”, admite.

“Nós recebemos com surpresa o resultado porque foram mais de mil filmes inscritos. Só cearenses foram 116 filmes. E quando vimos que só dois filmes do Ceará foram selecionados, e um deles é o nosso, o primeiro filme de muita gente, ficamos muito felizes com esse primeiro passo da equipe inteira e do filme”, comemora Arthur. A participação do curta no festival marca a estreia do filme ainda inédito. “A gente vai fazer uma estreia muito bonita no olho do Brasil, no olho cinema ibero-americano”, diz ele, cheio de expectativas.

PORTO NO CINE CEARÁ

Esta é a segunda vez que uma produção desenvolvida dentro do Porto Iracema é selecionada para a competição de curtas do Cine Ceará. Em 2016, o curta-documentário “Abissal”, de Arthur Leite, foi um dos concorrentes na categoria e foi exibido na noite de abertura da 26ª edição do festival. Abissal teve seu roteiro desenvolvido na primeira edição do Laboratório de Cinema do Porto, em 2013, sob tutoria dos cineastas Marcelo Gomes, Karim Aïnouz e Sérgio Machado.

Arthur Leite, que agora está à frente da coordenação dos Cursos Básicos de Audiovisual do Porto, comemora o resultado. “A seleção é uma enorme felicidade e tem um caráter político de reconhecimento e reafirmação dos espaços de formação e realização da cidade de Fortaleza. Esse filme foi realizado por alunos que, em sua maioria, entraram num set de filmagens pela primeira vez por conta dessa experiência e foi desenvolvido inteiramente nos processos formativos do Porto Iracema”, celebra.

Em 2017, duas produções desenvolvidas no programa “Preamar” da Escola foram exibidas na programação do 27° Cine Ceará, os curtas “Ao Mar”, com direção de Esaú Pereira e roteiro de Lucas Negreiros e Djeyne Rudolf, e “Rastros”, com direção e roteiro de Samarkandra Pimentel e Sabina Colares. Os dois trabalhos integraram a lista dos 23 filmes de curta-metragem exibidos na mostra Olhar do Ceará, um espaço para ver e discutir o audiovisual cearense.

SOBRE O FESTIVAL
Promovido pela Universidade Federal do Ceará, através da Casa Amarela Eusélio Oliveira, o Cine Ceará foi criado há 28 anos com a finalidade de levar ao público cearense uma parcela significativa da produção de cinema e vídeo ibero-americanos. Com realização da Associação Cultural Cine Ceará e Bucanero Filmes, o festival busca possibilitar o intercâmbio entre os produtores brasileiros e dos países ibero-americanos e a divulgação de novos talentos na área do audiovisual. Para mais informações acesse o site do Cine Ceará. (https://www.cineceara.com).

FICHA TÉCNICA COMPLETA – CAPITAIS

Elenco:   Bárbara Sena, Kamilla Medeiros e Ângela Soares
Direção e Roteiro:   Kamilla Medeiros e Arthur Gadelha
Assistência de Direção:   Lola Melo
Continuidade:   Morfeu Gilson
Produção Executiva:   Arthur Leite
Coordenação de Produção:   Arthur Gadelha
Assistente de Produção:   Thaisa Hellen
Direção de Fotografia:   Giovanna Campos
Assistência de Fotografia:   Jamille Lima e Marcella Elias
Correção de Cor:   Petrus Cariry
Fotografia Still:   Jamille Santos e Té Pinheiro
Som Direto:   Yuri Steindorfer
Assistentes de Som:   Yago Rodrigues e Pedro Sá
Mixagem de Som:   Érico Paiva
Direção de Arte:   Kamilla Medeiros e Lola Melo
Figurino:   Ana Karoline de Oliveira e Brenno Oliveira
Maquiagem:   Samuel Siebra
Montagem:   Kamilla Medeiros, Arthur Gadelha e João Eduardo
Logger:   Morfeu Gilson

SERVIÇO
“Filme inspirado em canção de Belchior e desenvolvido no Porto Iracema é selecionado para Mostra Competitiva Nacional do 28º Cine Ceará”
Quando: 4 a 10 de agosto
Onde: Cineteatro São Luiz (Praça do Ferreira, s/n, Centro)
Mais informações: www.cineceara.com

Assessoria de Comunicação Porto Iracema das Artes | Myke Guilherme
Publicado em: 26/06/2018